sábado, 4 de abril de 2009

Democracia, Jurisdição e Cinema - Sombras de Goya

A oficina Democracia, Jurisdição e Cinema, intitulada “Da 'perfumaria' da democracia e jurisdição modernas à real 'fragrância' da (atu)ação jurídica polisingularizada. Possibilidades de problematização democrática do processo civil, utilizando recurso audiovisual como método pedagógico”, ocorrerá no dia 17/04, às 14hs, na ABEDi.
A proposta inicial de discussões foi projetada de acordo com a subdivisão abaixo. Serão quatro enfoques, cada um fundado em pelo menos um filme:

1. CONSTRUÇÕES MODERNAS E CONFORMAÇÃO NORMALIZADORA: democracia e direito entre o mosaico e a pirâmide
1.1 Os contornos piramidais e a fundamentação político-religiosa da jurisdição moderna - Sombras de Goya
1.2 Autonomia jurídica ausente e "funcionalização" do processo: a jurisdição neoliberal forjada no resquício das essências - Perfume

2. RECONSTRUÇÃO CONTEMPORÂNEA E RECONFORMAÇÃO POLISSINGULARIZADA: rizoma democrático e rede jurisdicional
2.1 Mecanismos processuais em tempos de estresse: arremedos formais de democracia participativa – Crash: no limite
2.2 Desafios futuros: abertura à democratização substancial e retomada do poder pela jurisdição pós-burocrática - Menina de ouro


As discussões se iniciarão com Sombras de Goya, filme que retrata as influências da Igreja numa determinada época histórica (século XVIII) e, por conseqüência, na sociedade e homens modernos, bem como na configuração do direito atualmente vigente.
Por outro lado, o filme também retrata a preocupação desta oficina com a desconstrução de imagens oficiais, tal como refere Fábio Andrade na Revista Cinética (ver abaixo), o que, no caso da oficina, se processa tanto em termos de metodologia, como quanto à interpretação dada às instituições democráticas e jurisdicionais.
Veja fragmento do comentário de Fábio Andrade acerca do filme Sombra de Goya:
“No início do filme, após ver seu retrato pintado por Goya, o padre Lorenzo diz que, se cruzasse com aquele homem na rua, não o reconheceria. Mais tarde, o retrato da rainha – que o pintor considera belíssimo – não receberá mais que um silêncio de desaprovação de sua modelo. É essa ambigüidade e essa problematização da imagem que interessam Forman em Sombras de Goya. Se pensarmos em seu projeto de cinema, a preocupação é coerente: o que fariam filmes como O Mundo de Andy, Amadeus, Hair ou O Povo Contra Larry Flint que não problematizar, a todo momento, a imagem oficial cristalizada pela História?
Esse auto-questionamento, porém, passa longe de penitência. Pois se Forman é tomado pela necessidade de pôr em dúvida uma certa iconografia histórica, é por acreditar nas possibilidades eliminadas no extra-campo do tempo (pois o extra-campo assimilado traz, consigo, um fora-de-campo marginalizado até mesmo desse extra-campo). Não é à toa que, para falar disso, faça-se olhos de um criador de imagens como Goya, sem nunca mimetizar suas pinceladas com a câmera. Os interesses, aqui, são outros. As imagens – potência bruta e selvagem de significados – são destruidoras, sim. São capazes de determinar líderes e seguidores, vitoriosos e fracassados. Mas são, também, capazes de rearranjar conservadores e libertários, belos e feios, vivos e mortos. São capazes de, como por milagre, fazer reviver Inês em sua filha (também interpretada por Natalie Portman), para que a força da beleza da musa possa, mais uma vez, deleitar os olhos de quem a eternizou.”

Para acessar o texto completo: http://www.revistacinetica.com.br/goyasghosts.htm

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